Como a Reforma da Previdência pode impactar o preço do Bitcoin

Embora muitos entusiastas da comunidade de criptoativos tenham uma posição “anti-governo”, é inegável o fato de que decisões governamentais impactam o preço do Bitcoin (BTC) e do mercado de criptomoedas em todo o mundo, e não apenas por decisões diretamente ligadas ao criptoativos, como proibí-los ou liberá-los, mas também por meio do encaminhamento de propostas que impactam na credibilidade e na imagem do país, como é o caso do atual cenário político-econômico brasileiro.

Como o preço do Bitcoin é mundialmente “fixado” no dólar (USD), ou seja, a referência de valor de uma unidade de Bitcoin é definida quando comparada com a moeda norte-americana, desta forma, as oscilações do USD também impactam no preço do BTC. No caso do Brasil, a valorização ou desvalorização do dólar, que está intimamente ligada às decisões políticas nacionais, tem o poder de “mexer” nas oscilações de valor do Bitcoin no país.

Neste cenário, a expectativa quanto à uma baixa do dólar não é positiva, ou seja, especialistas apontam que a moeda norte-americana deve subir e, com sua alta, o preço do Bitcoin no Brasil também deve aumentar. Atualmente, a moeda dos EUA vem operando em alta de 2%, chegando a ser comercializada a R$3,95. Já a Bolsa caiu quase 3%, batendo os 92.694,35 pontos e acumulando uma perda de 2,75%.

Para o Diretor de Câmbio da FB Capital Fernando Bergallo, a percepção unânime do mercado financeiro é que o governo vem perdendo as rédeas do Congresso durante um momento absurdamente importante, próximo de pautar a Reforma da Previdência.

“ACREDITO QUE A POSSIBILIDADE DE A REFORMA PREVIDENCIÁRIA PASSAR ATUALMENTE É DE MENOS DE 50%, POIS PARECE QUE O CONGRESSO INTEIRO ESTÁ JOGANDO CONTRA O GOVERNO. ALÉM DISSO, CASO A SITUAÇÃO CONTINUE ASSIM, EXISTEM GRANDES CHANCES DE PAULO GUEDES DEIXAR O GOVERNO. OU SEJA, ESTAMOS A VÉSPERA DE UM MOMENTO DE CAOS, O MERCADO JÁ TINHA PRECIFICADO A APROVAÇÃO DA REFORMA E ESTÁVAMOS TRABALHANDO COM NÍVEIS DE PREÇOS CONSIDERANDO ISTO COMO CERTO”, EXPLICA BERGALLO.

Além da Reforma da Previdência, a aprovação da PEC que visa diminuir o poder do governo para controlar o orçamento também afeta o mercado, uma vez que isto vai contra ao que o Ministro da Economia Paulo Guedes defende. De acordo com o Analista da Nova Futura Investimentos Alexandre Faturi, os investidores estão operando com menor tolerância ao risco, recorrendo aos ativos com maior segurança a fim de proteger seu portfólio.

“INTERNAMENTE, O CLIMA É DE INCERTEZA EM RELAÇÃO À REFORMA DA PREVIDÊNCIA, PRINCIPAL BASE DO MERCADO. ADICIONALMENTE, O CENÁRIO EXTERNO É BASTANTE CONTURBADO: CRESCIMENTO ECONÔMICO MODERADO, INVERSÃO DA CURVA DE JUROS NOS ESTADOS UNIDOS, APROXIMAÇÃO DO DESFECHO NAS NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS ENTRE EUA E CHINA, DETERIORAÇÃO DA CONFIANÇA NO GOVERNO BRITÂNICO E UM BREXIT EXTREMAMENTE PROLONGADO. ESTAMOS OBSERVANDO UM MOVIMENTO GLOBAL DE EXTREMA CAUTELA, E NATURALMENTE UM MOVIMENTO RUIM PARA BOLSAS E BENÉFICO AO DÓLAR”, DIZ FATURI.

A Bolsa operava em clima de otimismo, no entanto, no momento da escrita desta matéria, este cenário foi revertido. De acordo com Daniela Casabona, Sócia-Diretora da FB Wealth, o que está preocupando o mercado é se existe capacidade de articulação entre Câmara e Governo.

“OS INVESTIDORES ESTÃO OLHANDO A CENA POLÍTICA, PRINCIPALMENTE APÓS A APROVAÇÃO DA PEC QUE AUMENTA OS GASTOS OBRIGATÓRIOS E REDUZ O PODER DO EXECUTIVO SOBRE O ORÇAMENTO, ISSO É ENTENDIDO DE FORMA NEGATIVA EM RELAÇÃO À APROVAÇÃO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA E COMO UMA DERROTA DO GOVERNO. A REFORMA É O PONTO MAIS SENSÍVEL DO PAÍS E JÁ ESPERÁVAMOS GRANDE VOLATILIDADE”, FINALIZA CASABONA.

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