Renda fixa: um em cada quatro fundos perdeu para a inflação em 2019

O ano de 2019 foi difícil para os investidores que contam com o rendimento dos juros. O retorno do CDI, depois de descontada a inflação, foi de apenas 1,59%, o pior resultado desde o Plano Real.

Mas, para aqueles que não acompanham as taxas que pagam, o ano passado pode ter sido ainda mais amargo, marcado por um retorno real negativo.

De acordo com a Economatica, um em cada quatro fundos de renda fixa entregou retornos abaixo da inflação em 2019, isto é, rendeu abaixo dos 4,31% marcados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A provedora de informações considerou apenas fundos com mais de dez mil cotistas ao fim do ano passado, um total de 151 fundos, dos quais 39 tiveram retorno real negativo.

Entre os 39 fundos que perderam para a inflação, a média de retorno real ficou negativa em 1,2% (o pagamento de Imposto de Renda não entrou no cálculo), sendo que o pior resultado partiu do fundo Caixa Prático, com perda de 3,2%. O fundo é um dos vários de aplicação automática que aparecem na lista.

Nesse tipo de produto, aplicações e resgates são automaticamente realizados de acordo com o saldo da conta bancária. O InfoMoney já fez um levantamento que mostrava que, nessa categoria, o rendimento podia chegar a apenas 10% do CDI.

Baixo retorno e alto custo

O produto com o pior retorno também é responsável pela cobrança da maior taxa de administração na amostra, de 3,9% ao ano. De acordo com a Economatica, a média da taxa de administração foi de 2,4% ao ano.

“Quem deixar o dinheiro parado na conta-corrente vai perder poder de compra atualmente nos fundos de aplicação automática. Com juros mais altos, ainda havia alguma correção, mas hoje não”, afirma Rodrigo Marcatti, sócio-fundador do escritório de investimentos Veedha. “Até mesmo para a reserva de emergência, é preciso buscar um produto mais adequado, como fundos DI que cobrem taxa de administração de no máximo 0,30%”, sugere.

Na hora de escolher um fundo DI, Marcatti recomenda que o investidor elimine de cara produtos que entreguem um retorno menor do que 95% do CDI. Aplicada a 2019, essa regra excluiria os fundos que renderam menos que 1,51%, descontada a inflação. “O fundo que ficar abaixo disso provavelmente está com uma taxa inadequada para o nível de juros atual”, explica Marcatti.

Entre os 39 piores, à exceção de apenas um fundo, todos tiveram um retorno da carteira positivo, mesmo descontada a inflação, com resultados próximos ao CDI. O que pesou, portanto, para o resultado final foram as taxas de administração e outros custos embutidos, que levaram os rendimentos desses produtos para o campo negativo.

Apesar dos resultados ruins, esses fundos registraram mais aplicações do que resgates em 2019. Ao todo, tiveram uma captação líquida de R$ 23 bilhões no ano.

Essa entrada também veio de novos cotistas: no fim de 2018, havia 3,3 mil cotistas nesses 39 fundos, quantidade que subiu para 3,9 mil, no ano seguinte.

Marcatti compara a aplicação em fundos DI com taxas altas a deixar o dinheiro na poupança. “Mesmo com todas as campanhas que dizem que poupança não é a melhor alternativa, que Tesouro Direto seria uma melhor opção, com mesmo risco e liquidez, ainda vemos o saldo da caderneta crescer. Aumentou menos que antes, mas cresceu. Ainda falta educação financeira.”

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