Há alguns anos, eu quase comprei uma fazenda no Brasil. A terra parecia boa e existiam vários potenciais projetos para serem tocados. A fazenda fica em uma região em que venta bastante e um dos vizinhos já estava fazendo estudos há quase 2 anos para a instalação de uma planta eólica. Além do mais, a fazenda tinha alguns possíveis pontos de exploração de minerais e um poço com bastante vazão de água mineral.
O preço não estava caro e a ideia era comprar a fazenda e fazer o plantio de eucalipto ou de alguma hortaliça. Além disso, iria tentar fazer uma associação com o vizinho para a instalação da planta eólica, caso essa fosse pra frente. Se isso não desse certo, ainda havia o potencial para uma pequena mina e, no fim, também para um negócio de exploração de água mineral.
E por que estou falando sobre isso? Porque acredito ser importante ter “opcionalidades”. O futuro é incerto e não sabemos como se desenrolará, por isso é importante nos proteger contra quedas enquanto buscamos um retorno maior. É o famoso “se A não funcionar, ainda tem B. Se B não funcionar, tem C”.
E hoje, no mercado financeiro, não vejo nada com mais opcionalidade que o ouro (ou metais preciosos). O ouro é um hedge contra a insanidade dos bancos centrais. Ele é um seguro que paga bem em caso de uma calamidade nos mercados e, ao contrário dos outros seguros, devolve o dinheiro investido corrigido pela inflação no longo-prazo.
O ouro foi um excelente investimento em 2019 em praticamente todas as moedas. Isso tudo por causa da incerteza política e dos riscos aparentes no mundo. Mas isso é somente o que estamos vendo na superfície. O ouro ainda não teve que desempenhar seu papel, o de “garantidor” do poder de compra das pessoas. Se ele já subiu por causa das incertezas pelo mundo, imagina o quanto ele pode subir quando a inflação chegar.
A inflação já mostra sinais de que não está morta, ao fechar 2019 em 2,3%, maior índice em anos e acima do objetivo de 2% a.a. do banco central americano, o Fed. Como já falei antes, 2% anuais durante 35 anos significa uma inflação de 100%, ou seja, nos é prometida a perda de pelo menos 50% do nosso poder de compra em menos de uma geração.
O Fed e outros bancos centrais de economias desenvolvidas já disseram que vão deixar a inflação ficar acima de 2% por um bom tempo, antes de tentar combatê-la, para compensar os anos em que ela ficou abaixo do patamar. Como Isso pode sair do controle, a perda para os investidores pode ser ainda maior que a antecipada.
Acredito que o ouro seja um excelente investimento, mas não para ficar rico, e sim para proteger o patrimônio. Considero prudente ter pelo menos 5% do patrimônio líquido no metal amarelo, de preferência na forma física. E não estou sozinho nisso.
A Bridgewater, gestora do maior hedge fund do mundo, liderada por Ray Dalio, acredita que o preço do ouro subirá 30% em 2020. Jeff Gundlach, conhecido como rei dos bonds, também espera uma alta. Esses dois costumam acertar. Eu não apostaria contra eles.
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