“A economia real do Brasil ainda não está bem, mas o país está no caminho certo”, diz Fitch

Em conferência em São Paulo, Shelly Shetty, diretora da Fitch e uma das responsáveis pelo rating brasileiro, disse que o Brasil “está no caminho certo”, mas ainda é preciso mais sinais de recuperação para que a avaliação da agência sobre o país seja melhorada.

Um dos sinais é a continuidade do avanço na agenda de reformas do governo, que vai permitir uma visão estável do cenário fiscal no Brasil no médio prazo. “A reforma da Previdência foi positiva, mas foi um começo. Os efeitos só serão vistos daqui alguns anos.”

Segundo a diretora, a “economia real do Brasil ainda não está bem”. Ela citou que o país ainda está pior do que outros benchmarks emergentes em termos de crescimento potencial. “O Brasil também tem um índice forte de fragilidade no Congresso em relação aos seus pares. A administração Bolsonaro está ganhando mais apoio, mas o índice ainda é um ponto negativo.”

“Na América Latina, o crescimento do Brasil neste ano deve ser o melhor entre as três principais economias: Brasil, Argentina e México. Mas ainda assim há economias menores que demonstram um crescimento mais consistente, como o Panamá”, disse Shelly. A Fitch espera um crescimento do PIB brasileiro de 2% em 2020.

A diretora da Fitch destacou, no entanto, alguns pontos positivos para o país. “A reforma da Previdência permitiu que o Banco Central cortasse juros e os índices de inflação sugerem um cenário mais controlado. (…) Os mercados de ações sempre projetam a melhora da economia e isso está acontecendo no Brasil. Vemos uma recuperação.”

Entre os riscos apontados para o rating do Brasil na agência (que segue em BB-, grau especulativo e perspectiva estável), estão o timing e o escopo das reformas em ano eleitoral. “Precisamos ver o que vai passar, considerando as eleições de outubro. Existem riscos políticos, riscos sobre a capacidade de aprovar as reformas, e vamos avaliar o que isso significa em termos de consolidação fiscal.”

No lado externo, a diretora da Fitch disse que a agência segue monitorando as eleições nos Estados Unidos e como isso pode impactar outros mercados, como os emergentes. “Será que vamos ter mais quatro anos de administração Trump ou a política vai mudar? Isso é bastante importante”, disse.

“Os níveis de confiança no Brasil estão melhorando, mas ainda estão longe dos picos de 2010. A gente espera uma retomada maior no Brasil antes de qualquer movimento de rating. Economias similares geralmente levam 10-11 anos para recuperar o grau de investimento [selo de bom pagador]”, concluiu a diretora da Fitch.

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