As ações mais baratas (e mais caras) da Bolsa

Os analistas fundamentalistas avaliam uma série de aspectos de uma empresa antes de decidir se vale a pena comprar suas ações. Preço é um deles: alguns dão mais importância a isso, outros menos, mas é consenso que comprar barato faz diferença.

Esses profissionais avaliam se as ações estão baratas ou caras de acordo com os “múltiplos” da companhia. Ou seja, eles projetam uma série de indicadores financeiros com base nos balanços passados e em estimativas e checam se o valor atual dos papéis já está justo para as premissas ou não.

InfoMoney conversou com analistas que listaram as ações com bom potencial de crescimento e os papéis que você deveria evitar. São eles: Eduardo Guimarães, da Levante; Jorge Junqueira, da Gauss Capital; Felipe Waka, da Suno Research; Gabriel Fonseca, Betina Roxo e Thiago Alvarenga, da XP. Confira as análises abaixo.

Ações baratas

Ações Justificativa
Petrobras (PETR4) As ações de Petrobras estão sendo negociadas com desconto em termos de EV/Ebitda (valor patrimonial em relação ao Ebitda) em relação às empresas estrangeiras de petróleo. E a empresa está em meio a um processo de venda de ativos, redução do endividamento e melhoria do retorno. (Levante)
Banco do Brasil (BBAS3) As ações do Banco do Brasil estão descontadas em termos de múltiplos PL (preço da ação em relação ao lucro da empresa) e P/VPA (preço da ação em relação ao valor patrimonial), comparado com Itaú. O BB está reduzindo a diferença em termos de retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) para o Itaú. (Levante)
Even (EVEN3) A Even está bem posicionada no mercado imobiliário de São Paulo com foco no segmento de média e alta renda. A empresa tem baixo nível de endividamento, forte geração de caixa e está aumento a sua rentabilidade (ROE), com múltiplo P/VPA (preço da ação em relação ao valor patrimonial) desconto em relação às concorrentes Eztec, Cyrela e Trisul. (Levante)
Minerva (BEEF3) A Minerva é a empresa de frigoríficos bem posicionada para aproveitar o aumento do consumo de carne bovina por parte da China devido à gripe suína. As ações da Minerva negociam com desconto em relação à JBS e BRF, mas a empresa tem menor nível de endividamento e melhor governança corporativa. (Levante)
Via Varejo (VVAR3) Acreditamos que a Via Varejo é o caso com maior assimetria na Bolsa. A combinação entre a mudança do controle societário, a formação de uma nova diretoria alinhada com o longo prazo e o momento mais positivo da economia brasileira fazem da empresa o principal case de turnaround no Brasil. Com esse pano de fundo acreditamos que a companhia voltará a entregar crescimento de receita superior a 10% ao ano e margem Ebitda de 7%, não nos surpreendendo se alcançar o preço alvo de R$ 12,00 por ação (cerca de 57,5% de alta). (Gauss)
Marfrig (MRFG3) Ciclo positivo do mercado americano, responsável por mais da metade do resultado da companhia, e aumento da demanda do mercado chinês pela carne brasileira têm levado à melhora nas margens da companhia. Com isso vemos a Marfrig retornando a negociar a 7 vezes o seu Ebitda, uma apreciação de 40% da ação. (Gauss)
Braskem (BRKM5) A combinação da entrada em recuperação judicial da Odebrecht, controladora da companhia; problemas com sua planta em Alagoas acusada de poluir o solo da região, impedindo a distribuição de dividendos aos acionistas; ciclo negativo do preço de seus produtos e a não conclusão da venda da companhia para a LyondellBasell fez a ação retornar ao múltiplo de 5,5 vezes o Ebitda. Acreditamos que tais ruídos, todos passageiros, estão gerando a oportunidade de se investir na Braskem com oportunidade de ganho de 40% no curto prazo. (Gauss)
Unipar (UNIP6) A Unipar atua na fabricação de cloro, derivados de cloro, soda cáustica e PVC (cloreto de vinila), atividades que devem ser beneficiadas com a efetiva recuperação econômica do país, seu principal mercado de atuação. A Unipar hoje é negociada em torno de 4,8 vezes o seu Ebitda projetado para os próximos 12 meses, múltiplo bastante interessante, que a coloca com desconto frente a pares do setor. (Suno)
Mahle Metal Leve (LEVE3) A empresa é negociada hoje a cerca de 10,5 vezes o lucro dos próximos 12 meses e deve entregar dividendos próximos de 8%, o que a coloca como um dos maiores dividendos da Bolsa. A companhia, fruto de seus intensos investimentos em pesquisa, é a desenvolvedora da tecnologia MBE2, que aumenta a produção do etanol nas dornas de produção em no mínimo 10%, e apresenta com essa tecnologia inovadora, um grande potencial de receitas incrementais. (Suno)
Vale (VALE3)  A Vale é negociada atualmente com múltiplos baixos. A expectativa para a geração de caixa da companhia continua robusta para o ano que vem, considerando o minério de ferro mais conservador. (XP)

Ações Caras

Ações Justificativas
Raia Drogasil (RADL3) É uma das empresas mais caras da Bolsa. O setor de drogarias já foi o queridinho devido ao alto crescimento. Atualmente, as ações estão sendo negociadas a múltiplo preço/lucro de 64 vezes. A empresa não deverá apresentar crescimento tão forte daqui para frente. Ela está mudando: de crescimento para valor, mas ainda não distribui muitos dividendos. (Levante)
Banco Inter (BIDI11) A empresa tem múltiplo de fintech e não de banco, exemplo de banco de crescimento que está precificado à perfeição: múltiplo P/VPA (preço da ação em relação ao valor patrimonial) de 14 vezes e preço/lucro de 160 vezes últimos 12 meses. A entrada do Softbank na base acionária parece ter deixado o caminho livre para listagem nos EUA. (Levante)
M. Dias Branco (MDIA3) A M. Dias Branco decidiu seguir o caminho do crescimento através de aquisições (Piraquê) e acabou tendo problemas para manter o mesmo nível de rentabilidade. O momento do setor e da empresa (devido à economia) é ruim, com as ações sendo negociadas com múltiplo preço/lucro de 22 vezes. Acreditamos que a empresa deverá perder esse prêmio nos múltiplos devido ao momento menos favorável de resultados no curto prazo. (Levante)
Itaú Unibanco (ITUB4) Apesar de ser um tema recorrente, acreditamos que o mercado ainda não precifica corretamente o impacto que as fintechs irão gerar nas receitas de serviços dos grandes bancos. Vemos o ciclo da Selic em queda e o aumento de imposto para bancos impactos adicionais ao lucro da companhia. Negociando a 11,5 vezes seu lucro e 2,6 vezes o seu valor patrimonial, acreditamos que Itaú deveria retornar a negociar a 9 vezes o lucro, sugerindo uma queda de 22% no preço da ação. (Gauss)
Ultrapar (UGPA3) Aquisições que não têm sido bem executadas e o aumento da competição em sua principal linha de negócio tem levado a companhia a decepcionar com uma queda na margem Ebitda e no lucro por ação em seus últimos anos. Por não acreditarmos que tal dinâmica irá se alterar no curto prazo vemos que a mesma deveria negociar a 12 vezes lucro, atualmente a 17 vezes, o que levaria a uma queda de 29% no preço da ação. (Gauss)
YDUQS (YDUQ3) O setor de educação tem um comportamento contracíclico e, por essa razão, a redução do desemprego no país levará a uma queda de seu consumo dando lugar a um consumo maior de bens. A queda do ensino presencial e o aumento do ensino à distância, apesar de aumentar a margem da companhia, levará a uma queda de seu Ebitda que, em nossa avaliação, nos faz concluir que o valor justo da companhia é de R$ 25,00 por ação (29% de queda). (Gauss)
Sinqia (SQIA3) A companhia hoje negocia a múltiplos extremamente caros, sobretudo após o rali que fez com que as ações subissem 167% este ano. Atualmente, o EV/Ebitda (múltiplo que compara o valor da firma e a geração de caixa) da empresa está em torno de 45 vezes e a empresa é negociada também a cerca de 147 vezes o seu lucro caixa ajustado. Esse é um múltiplo muito caro se levarmos em conta outros pares do setor, como Linx, negociada a 67 vezes o lucro caixa, e Tots, negociada a 60 vezes. (Suno)
Localiza (RENT3) A Localiza negocia hoje a valores pouco interessantes, após a valorização de mais de 50% em 2019. Negociada a cerca de 38 vezes o lucro de 2019, a empresa está bem acima de seus pares, e precifica basicamente um crescimento muito acelerado que pode não se concretizar. Existe o risco relevante de disrupção do setor futuramente, com o crescimento de aplicativos de compartilhamento e empréstimo de veículos. (Suno)
Copel (CPLE6) A Copel é estatal e não tem possibilidade de privatização. Ela negocia com desconto de múltiplo mesmo diante de uma agenda positiva para a companhia, como a redução de custo. A possível venda da Copel Telecom vai ajudar a reduzir o endividamento. A geração de caixa da companhia é boa. A ação já dobrou de valor no ano e continua barata. (XP)
Transmissão Paulista (TRPL4) A Transmissão ficou muito cara com a redução da taxa básica de juros. O crescimento esperado para os próximos trimestres é baixo e o dividend yield (índice que mede a rentabilidade dos dividendos em relação ao preço da ação) esperado é inferior aos seus pares. As empresas que pagam dividendos costumam ter baixo crescimento, mas se ela está pagando menos dividendos do que outras companhias, perde a atratividade. (XP)

Análise Técnica

Diferentemente da análise fundamentalista, a análise técnica não faz juízo de valor de uma empresa, não avalia se a ação está barata ou cara. Ela busca avaliar a movimentação, seja no curto, médio ou longo prazos, e a partir dessa movimentação traçar estratégias para lucrar comprando e vendendo as ações.

A lista abaixo é composta por papéis que, na visão do grafista Thiago Alvarenga, da XP, têm perspectiva de crescimento até o final deste ano.

Banco do Brasil (B3SA3): Papel que vem numa tendência de alta de médio/longo prazo e no curto prazo deu uma “parada” para pegar fôlego para uma nova etapa de altas. A renovação do topo histórico do papel servirá de gatilho para novas compras e impulsão de um novo movimento altista no curto prazo (o que está caro sempre pode ficar mais caro). Projete altas buscando patamares de R$ 52,54 / R$ 59,27.

Weg (WEGE3): Papel que passou por uma forte correção recentemente e já retomou a alta no curto prazo, muito próximo do topo histórico, que se for rompido abrirá espaço para novos avanços rumo a R$ 25,58 / R$ 26,33.

Ecorodovias (ECOR3): Papel já consolidou alta no curto/médio/longo prazos e renova topos históricos com frequência e grande volume de negócios, indicando que o consenso do mercado (atual) ainda enxerga o papel barato e topa pagar para cima sustentando a tendência de alta.

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