A eleição da chapa de esquerda formada por Alberto Fernández e Cristina Kirchner na Argentina foi confirmada na noite do último domingo (27) e, a despeito desta vitória de governantes “anti-mercado”, os ativos argentinos reagem de forma relativamente tranquila nesta segunda-feira (28).
Isso porque os investidores já precificaram em boa parte o resultado do pleito desde agosto, quando aconteceram as primárias. Contudo, há muitas incertezas pela frente.
O Merval, principal índice da bolsa de Buenos Aires, registrava queda de 2,04%, a 33.818 pontos, às 13h19 (horário de Brasília), virando para perdas após abrir em forte alta de 6% na abertura das negociações.
Já o peso argentino subia 0,4%, a 59,75 por dólar, em meio às medidas do BC argentino para conter a alta da moeda. Operadores apontaram que a autoridade monetária fará leilão de US$ 50 milhões, a 59,999 pesos por dólar, para ajudar a estabilizar a divisa argentina. Guido Sandleris, presidente do BC argentino, afirmou que a autoridade monetária perdeu cerca de US$ 22 bilhões de suas reservas para tentar estabilizar a moeda do país.
O BC do país vizinho ainda determinou um limite de compra de US$ 200 por mês através de contas bancárias e de US$ 100 dólares por mês para compra em dinheiro até dezembro, quando o novo governo toma posse.
O cenário de relativa tranquilidade para os mercados no começo do pregão ocorreu após Mauricio Macri sinalizar cooperação com um governo de transição já na noite de ontem. Em discurso em que reconheceu sua derrota, Macri disse que deixa o governo com “um país com bases sólidas” que mudou “a cultura do poder”.
“Parabenizo o presidente eleito Alberto Fernández. Acabei de falar com ele pela grande eleição que fez. O convidei para tomar amanhã um café da manhã na Casa Rosada porque deve começar uma transição ordenada que leve tranquilidade aos argentinos”, apontou o candidato derrotado.
Na sua primeira fala como presidente eleito, Fernández destacou ter aceitado o convite: “vamos colaborar em tudo o que possamos porque a única coisa que nos preocupa é que os argentinos deixem de sofrer de uma vez por todas”. Nesta manhã, os dois se encontraram para discutir a transição.
De acordo com Delphine Arrighi, gerente financeira da asset Merian Global Investors, o próximo governo provavelmente buscará uma reestruturação da dívida favorável ao mercado e um plano econômico que o Fundo Monetário Internacional (FMI) endossará.