A sexta-feira (6) foi de forte queda para o Ibovespa, com baixa de 4,14%, mas poucos esperavam que o pior estaria ainda por vir. A sessão deste dia 9 de março foi histórica, com a B3 entrando em circuit-breaker logo no início das negociações e fechando em baixa de 12,17%, na maior queda do índice desde 10 de setembro de 1998. Essa foi a terceira maior queda diária percentual do Ibovespa do Plano Real, ficando atrás apenas do já mencionado pregão de setembro de 1998, que foi seguido pelo pregão de 27 de outubro de 1997, quando teve baixa 14,98%.
O motivo para tanto foi a forte derrocada de até 31% do brent, para fechar em queda de 24% – a maior queda diária desde a Guerra do Golfo, em 1991. A derrocada aconteceu após a Arábia Saudita reduzir os preços da commodity como retaliação à Rússia, que não quis chegar a um acordo para reduzir a produção para enfrentar a demanda menor por conta do surto de coronavírus, que já vem abalando e muito para os mercados. Com isso, as projeções dos analistas para o petróleo foram revisadas para queda de até US$ 20 o barril, além das indicações de possíveis abalos geopolíticos.
Desta forma, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) foram mais afetadas e, com queda de 29,68% para os ativos ON e baixa de 29,70% para as ações PN, a estatal perdeu R$ 91,12 bilhões de valor de mercado em apenas uma sessão. Desde que os investidores passaram a registrar uma forte aversão por conta do coronavírus, na volta do feriado de Carnaval em 26 de fevereiro, os ativos da Petrobras já perderam R$ 177 bilhões de valor de mercado, conforme dados da Economática.
Em seguida, estiveram os papéis da Vale (VALE3): com queda de 15,20% apenas nessa sessão, a mineradora perdeu R$ 34,77 bilhões de valor de mercado nesta segunda-feira e R$ 63 bilhões desde a volta do feriado de Carnaval.
Também em destaque com forte perda de valor de mercado, estiveram os bancos: Bradesco (BBDC3;BBDC4) foi o que perdeu mais, com queda de R$ 18,4 bilhões de valor de mercado nesta sessão e de R$ 45,95 bilhões desde a volta do feriado de Carnaval, seguido por Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander Brasil (SANB11), com quedas respectivas de R$ 15,9 bilhões, R$ 13,31 bilhões e R$ 12,73 bilhões apenas nesta sessão.
A queda das 285 empresas listadas na bolsa foi de R$ 431 bilhões apenas nesta sessão, atingindo uma perda de cerca de R$ 1 trilhão apenas em 2020, enquanto apenas a Petrobras teve perda de R$ 191 bilhões de valor de mercado no mesmo período. Nesta segunda, o Ibovespa atingiu o seu menor nível desde dezembro de 2018, a 86.067 pontos, apagando os ganhos do período de Jair Bolsonaro.
Confira abaixo as maiores quedas de valor de mercado:
De acordo com o levantamento da consultoria, a baixa das ações Petrobras ON foi a maior desde 2 de abril de 1990, dia em que a ação despencou 41,49%. No caso dos papéis preferenciais, foi o maior recuo desde 21 de março daquele mesmo ano, quando as ações caíram 33,33%.
Contudo, a baixa de valor de mercado de hoje supera a maior registrada na mesma série, que vai desde 1986. Até então, o recorde de desvalorização nominal era de R$ 47,268 bilhões, registrado em 24 de maio de 2018, durante a greve dos caminhoneiros. Confira abaixo: