Bolsa, juros e dólar: como os fundos estão posicionados para enfrentar as eleições?

O primeiro turno das eleições está dobrando a esquina e trazendo forte volatilidade e incertezas para o mercado financeiro. Com isso, os investidores tendem a adotar estratégias mais defensivas para se protegerem do risco-Brasil.

InfoMoney conversou com grandes gestores de fundos e se baseou em um levantamento recente feito pela XP Investimentos com as principais casas de gestão independente do país para entender suas principais posições nesse momento.

Daniel Vairo, gestor da Pacífico, explica que hoje o fundo possui pequenas posições em ativos brasileiros, através de opções. “Vínhamos apostando na consolidação da liderança de Jair Bolsonaro e no aumento da probabilidade de sua vitória. Os apoios recentes angariados pelo candidato e a reafirmação de sua agenda econômica ajudaram na revisão dos cenários no caso de sua eleição”, diz.

Segundo o gestor, na hipótese de Fernando Haddad (PT) ir para o segundo turno, a expectativa é de piora dos mercados, que poderá ser minimizada caso o petista comece a indicar um movimento ao centro ao longo da campanha do próximo mês.

Em relatório de estratégia sobre o mês de setembro, a equipe da Verde Asset, gerida por Luis Stuhlberger, disse que conseguiu antecipar o movimento visto nos últimos dias com a rejeição de Fernando Haddad (PT) aumentando – o que levou a uma alta da bolsa com as projeções positivas para Jair Bolsonaro (PSL). “O cenário que vislumbrávamos ocorrer ao longo de outubro foi antecipado”, diz o relatório.

A equipe decidiu aumentar a exposição de bolsa e reduzir os hedges do fundo. A posições em juro real na parte intermediária da curva foram mantidas, com proteção em posições tomadas em juros americanos.

Um levantamento da XP investimentos com 28 gestores de fundos multimercados também mostra que a grande maioria está posicionada acreditando em vitória de Bolsonaro sobre Haddad no segundo turno – 76% dos gestores afirmaram que esperam vitória do candidato do PSL. Algumas casas de gestão atribuem ainda uma probabilidade maior do que 25% de Bolsonaro vencer as eleições ainda no primeiro turno.

Neste cenário binário para os ativos domésticos, em que há alívio diante de vitória de Bolsonaro e stress no caso de Haddad, a maioria dos gestores preferiu adotar uma estratégia mais cautelosa, com posições táticas – via opções -, ou levemente compradas. É possível notar que essas posições tendem ao otimismo, devido ao avanço de Bolsonaro nas pesquisas.

Algumas das maiores casas que gerem fundos multimercado  – que pediram anonimato – afirmaram que possuem posições pequenas e táticas em juros, levemente vendidas no dólar e compradas em Ibovespa. Um outro grande gestor destacou que está com operações táticas com horizontes curtos até a definição da eleição.

O fato é que, em geral, os fundos multimercados estão com baixa alocação de risco no Brasil. Como estes gestores podem operar diferentes classes de ativos em diversos mercados, como América Latina, Estados Unidos e Europa, eles conseguem buscar valor para a gestão independentemente do cenário local, o que traz um certo alívio em termos de volatilidade para o investidor.

Por: Mariana d’Avila
Fonte: Infomoney

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