Nos últimos anos, o Reino Unido mergulhou em um turbilhão político por conta do Brexit, que tem afetado fortemente a economia da região, mas agora, uma notícia que poderia parecer ser coisa de coluna de fofoca pode ser mais um peso para os problemas econômicos dos britânicos.
A decisão do príncipe Harry e de Meghan de abandonar as funções de primeiro escalão da família real, que tem sido chamada de “Megxit” pela imprensa local, pode até render bons ganhos financeiros para eles. Mas para a monarquia e para os empresários é possível que prejuízo seja grande.
Segundo Charles Scarlett-Smith, diretor de marketing da empresa de gerenciamento de marcas Brand Finance, “a família real é bastante essencial para a economia britânica”.
“A renda de 1,8 bilhão de libras que eles acrescentam à economia britânica a cada ano é enorme e, portanto, qualquer desenvolvimento que possa afetá-los negativamente terá um efeito notável na economia britânica”, explicou ele, segundo reportagem da CNBC.
A empresa aponta que o casamento de Harry e Meghan gerou 1 bilhão de libras para a economia britânica em 2018, sendo 300 milhões em viagens e hospedagens de turistas estrangeiros, e 50 milhões com vendas de produtos como moedas, chaveiros, canecas e roupas.
Já a agência nacional de turismo do Reino Unido afirma que a família real gera cerca de US$ 767 milhões a cada ano apenas atraindo visitantes para locais históricos. Dos 30 milhões de visitantes estrangeiros que visitam o país anualmente, 20% vão a um castelo, por exemplo.
Especialistas apontam que ainda é difícil mensurar exatamente o impacto econômico da decisão do casal já que não se tem detalhes sobre quais serão os termos da atuação deles daqui para frente, mas de acordo com Scarlett-Smith, a saída tem um grande impacto negativo na reputação da família real.
Momento difícil
Apesar do impacto financeiro do abandono das funções por Harry e Meghan não ser decisivo, ele vem em um momento delicado para o Reino Unido, que tem lutado para se reerguer em meio ao processo do Brexit.
Recente pesquisa feita pela Bloomberg Economics aponta que o custo deste processo de saída da União Europeia já chegou a 130 bilhões de libras (cerca de US$ 170 bilhões), com mais 70 bilhões de libras a serem somadas até o fim deste ano.
Mesmo que o crescimento global também esteja em queda, o levantamento mostra que o Reino Unido ainda assim ficou para trás neste cenário.
Para piorar, na manhã desta segunda-feira (13) o Escritório de Estatísticas Nacionais informou que a economia britânica encolheu em novembro com o aumento da incerteza política, que culminou em eleições gerais do país em 12 de dezembro.
O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,3% em novembro em relação a outubro, sendo a terceira queda nos 11 meses de 2019 aferidos até agora. O resultado, porém, foi 0,6% maior que em novembro de 2018, o ritmo mais fraco de crescimento anual desde junho de 2012.
Com o indicador, aumentou a avaliação dos analistas de que o Banco da Inglaterra corte as taxas de juros nos próximos meses, o que levou a libra esterlina a desabar nesta segunda.