Disney fecha parques devido a coronavírus e pode ter impacto de US$ 1,2 bilhão

O surto do coronavírus está afetando diversos setores, e o do turismo vem sendo impactado diretamente, considerando o receio das pessoas de viajarem. E nem a Disney escapou.

O grupo anunciou nesta quinta-feira (12) o fechamento de seus parques da Flórida, Califórnia e Paris, após já ter fechado as unidades de Xangai e Hong Kong. O parque de Tóquio ficou fechado durante duas semanas e já reabriu e segue funcionando.

Além disso, a Disney Cruise Line, a linha de cruzeiros do grupo também está suspensa. A suspensão dos serviços vai até o final do mês de março, por enquanto.

No anúncio, a Disney acrescentou que seus hotéis na Disney World e Disneyland Paris permanecerão abertos até novo aviso e que pagará aos membros do elenco durante o período que o complexo estiver fora de operação.

Ainda, a empresa solicitou que todos os seus funcionários baseados nos EUA e que trabalham em outros segmentos do grupo como nos estúdios Walt Disney, Walt Disney Television, ESPN e em suas divisões de parques e produtos diretos ao consumidor trabalhem de casa.

O Magic Kingdom é o parque temático mais visitado do mundo: teve mais de 20 milhões de visitantes em 2018, de acordo com um relatório da consultoria de entretenimento Tea/Aecom.

Os parques são um dos principais impulsionadores do amplo negócio de entretenimento da empresa: a Disney gerou mais de US$ 26 bilhões em vendas na divisão de Parques, Experiências e Produtos no ano fiscal de 2019, representando 37% da receita total da empresa.

André Kim, sócio e analista de investimentos da Geo Capital, estima que a queda do lucro operacional da companhia pode chegar a US$ 1,2 bilhão. “As coisas estão mudando muito rápido. Estamos estimando esse valor considerando o impacto maior nos parques de Xangai e Hong Kong, que devem ficar fechados até junho. Mas o fechamento do parque da Flórida deve ter um impacto significativo no curto prazo. A situação vai impactar o primeiro e segundo trimestre da empresa”, afirma.

Segundo ele, de longe, os setores de turismo, hotelaria e tudo o que está relacionado a viagem estão sofrendo impacto maior. “Nesse sentido, a Disney será impactada, atrapalha os resultados desse trimestre e trimestre que vem, talvez até do ano, mas daqui um ano, dois anos, não existe um cenário em que as pessoas deixarão de consumir Disney. Então, o preço pode chacoalhar, mas daqui três, cinco anos continua a ser uma empresa robusta”, diz.

Ele acrescentou que essa é a primeira vez que a Disney fecha parques em escala global. “Já fecharam parques devido a ameaças de terrorismo, algum problema de contrato, mas em escala como acontece agora, nunca antes”.

Investimentos em novas atrações

A empresa investiu bilhões em sua divisão de parques temáticos, com o lançamento das unidades de Star Wars na Flórida e na Califórnia no ano passado.

Ainda, uma atração foi lançada na semana passada no Disney’s Hollywood Studios, chamada “Mickey & Minnie’s Runaway Railway”. 

Kim explica que os parques fazem lançamentos constantes e a nova atração é o chamariz para continuar atraindo turistas e “manter o investimento nisso é super normal”.

“A margem operacional pode ter impacto porque o grupo está gastando e não vai trazer mais pessoas pelo momento, mas é temporário. Ainda, considerando o guarda-chuva do grupo, o problema em geração de caixa acontecerá só nesse segmento de parques. Quando olhamos streaming, filmes, bens de consumo, os negócios são bem robustos e serão menos afetados nessa queda. Assim, os parques perdem parte do lucro, mas os outros segmentos vão equilibrar o prejuízo momentâneo”, explica.

Troca de liderança

Outra turbulência em meio a esse contexto é a recente troca de liderança do grupo. Apenas duas semanas atrás, Bob Iger deixou o cargo de CEO da empresa, nomeando Bob Chapek como seu substituto, cuja função anterior era de presidente da Disney Parks.

As ações da Disney caíram mais de 20% desde a entrega, passando por eventos como o fechamento de parques e atraso do lançamento de “Mulan”, por exemplo.

Kim acredita que “o mercado reagiu negativamente porque Iger construiu um legado gigantesco, é super respeitado na indústria, e transformou a empresa no império lucrativo que é hoje”. Mas ele lembra que a passagem de bastão na liderança estava sendo postergada há pelos menos 3 anos.

“Chapek já era funcionário, tem fit com a empresa, conhece o negócio. Nossa expectativa é bem positiva, até porque era algo previsto há algum tempo e ele tem condições de lidar com o momento. Além disso, Iger continua como membro do conselho por pelo menos 22 meses, período muito acima da média”, diz.

As ações da empresa caem cerca de 30% no acumulado do ano, e fechou o pregão desta sexta-feira (13) com alta de 11,7%.

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