Maior fintech brasileira, o Nubank terminou o ano de 2019 com prejuízo de R$ 312,7 milhões. Mas o resultado negativo não parece gerar grandes preocupações por parte da instituição.
As informações estão em post publicado no blog do Nubank, que classifica o resultado como “diretamente ligado ao nível de crescimento” da fintech.
“Escolhemos investir, crescer e oferecer serviços a mais pessoas”, disse Gabriel Silva, vice-presidente de Finanças do Nubank.
Os movimentos da fintech em 2019 embasam as palavras do executivo. As receitas somaram R$ 568,1 milhões, contra R$ 173,8 milhões registrados em 2018. As despesas, por sua vez, também subiram — foram de R$ 878,2 milhões em 2019 e de R$ 584,2 milhões em 2018.
As receitas de prestação de serviços e rendas de tarifa bancárias foram de R$ 1,035 bilhão em 2019 e de R$ 535,7 milhões no ano anterior. Ao mesmo tempo, reduziu em 10,4% o índice de atraso acima de 90 dias, ficando em 6,6% da carteira do total.
A base de clientes, aliás, mais que triplicou: de 6 milhões ao final de 2018, o Nubank chegou a 19,7 milhões, com a adesão de 13 milhões de novos usuários. Já em janeiro deste ano o banco digital anunciou que havia batido a marca de 20 milhões de clientes.
“2019 foi um ano de multiplicação para o Nubank: ganhamos mais de 13 milhões de novos clientes, começamos a liberar cartões de crédito no México, contratamos mais de mil funcionários e lançamos novos produtos também aqui no Brasil”.
‘Risco calculado’
Conforme mostrou o Portal do Bitcoin, esse quadro não chega a apresentar grande problema para o Nubank. Pelo contrário, seria um tipo de risco calculado, de acordo com especialistas.
Avaliado em cerca de US$ 10 bilhões, o Nubank já figura como uma empresa “unicórnio” – quando o valor de mercado de uma empresa supera US$ 1 bilhão. No entanto, ainda apresenta prejuízos em sua operação. No primeiro semestre de 2019, o déficit foi de R$ 139 milhões.
Até hoje o Nubank já captou um total de US$ 820 milhões em rodadas de investimentos. Além desses aportes, a expectativa é que a expansão empreendida pela fintech comece a dar retorno nos próximos anos.
“A média de 40 mil novos clientes por dia demonstra a escalabilidade da nossa infraestrutura, projetada desde o início para permitir uma excelência em produto e atendimento mesmo em larga escala”, afirmou a fintech.
Outra potencial fonte de receitas é a Nu Investimentos, anunciada no último dia 23 de janeiro com a adesão desta à Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Embora a função inicial seja de gerir o caixa do grupo, o novo braço abre a porta para a fintech administrar e distribuir fundos próprios no futuro. Ele já conta com autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), autarquia que regula o setor no país.
Estratégia agressiva
O Nubank vem apostando em uma estratégia agressiva de mercado para expansão nacional e internacional de suas operações.
A fintech brasileira já conta com operações no México e aguarda autorizações regulatórias para atuar na Argentina. Há também um escritório em Berlim (Alemanha), que é focado em infraestrutura e engenharia de dados.
Recentemente o Nubank anunciou a chegada de executivos que passaram por empresas como Itaú e Facebook – ao mesmo tempo que desmentiu boatos de mudanças na cúpula. Também incorporou a empresa de tecnologia Plataformatec. Por fim, abriu nova porta com a adesão à Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Vale lembrar que, apesar do nome, o Nubank não é um banco propriamente dito – embora essa informação cause estranheza aos mais leigos. A fintech tem junto ao Banco Central atualmente duas licenças: Instituição de Pagamentos e Instituição Financeira.
Ambas, no entanto, são suficientes para que a fintech possa oferecer serviços que a coloquem tanto como opção para clientes como na condição de concorrente de grandes bancos.
Pelo segundo ano seguido, o Nubank foi considerado em 2019 uma das 50 fintechs mais inovadoras do mundo, de acordo com levantamento da consultoria KPMG.