Enquanto os reguladores ainda têm dúvidas sobre o potêncial do Bitcoin e das criptomoedas e buscam estabelecer regras ainda pouco claras sobre a digitalização da econômia, o uso do dinheiro físico vêm apresentando declínio no Brasil, enquanto que, uma pesquisa recente, mostrou que o uso de formas de ‘dinheiro digital’ como cartões e e-wallets vêm crescendo no país.
Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) cartões ‘pré-pagos’, como os da Atar, Alterbank, Uzzo e outras, que também podem ser ‘carregados’ com Bitcoin e criptoativos, aumentou tanto em adoção como em volume movimentado.
A Abecs destaca que este meio de pagamento teve um aumento de 66,5% e passou de R$ 6,6 bilhões em 2017 para R$ 11 bilhões no ano passado. Para este ano, a previsão é que o montante chegue a R$ 18,55 bilhões, quase o triplo de 2017.
Os cartões assim como outras formas de dinheiro digital respondem por praticamente 43% das formas de pagamento no Brasil, campo que ainda é dominado pelo dinheiro físico, com 52% mas que vem caindo ao longo dos anos, como mostrou em 2018 uma pesquisa do Banco Central do Brasil.
Já pagamentos diretos com Bitcoin e criptomoedas, embora ainda sejam tímidos no país, já superam os realizados com cheques, modalidade que responde por menos de 1% das transações, enquanto que os criptoativos, podem representar, segundo o Bacen, até 3% das formas de pagamento no país, ainda segundo a pesquisa de 2018, denominada “O brasileiro e sua relação com o dinheiro”.
O objetivo dos meios digitais de pagamento, assim como das criptomoedas e das fintechs é, entre outros, atender os desbancarizados, pessoas que, por diversos motivos não têm ou não desejam acessar o sistema financeiro tradicional..
Neste setor, segundo um levantamento divulgado em 15 de agosto de 2019, há 45 milhões de pessoas, que movimentam R$ 817 bilhões por ano mesmo sem acesso a crédito e outros serviços financeiros de instituições. Os dados fazem parte de uma pesquisa do Instituto Locomotiva, especializado em economia popular.
Uma das formas utilizadas para driblar a falta de acesso aos serviços financeiros é emprestar o cartão de crédito de amigos ou parentes, artifício usado por 51% dos desbancarizados.
Já para Gilson Magalhães, Presidente da Red Hat no Brasil, a transição para um modelo de dinheiro virtual deve ocorrer sem contudo ‘matar’ o dinheiro físico.
“A civilização sempre avançou na resolução de seus problemas e na emissão de um denominador comum a ser aceito nas trocas, usando, ao longo da história diferentes ícones para garantir que as transações fosse mais justas ou equilibradas (…) hoje temos o papel moeda mas acredito que a tendência da digitalização da economia é irreversível (…) nós ainda não conseguimos levar a digitalização nem para a maioria da população mundial. Ainda temos muita gente que não tenha acesso aos bancos e nem mesmo as tecnologias digitais e isso não deve mudar no curto prazo, por isso acredito que haverá uma harmonia e o papel moeda vai conviver com a economia digital e com as criptomoedas” disse.
Como reportou o Cointelegraph, o Banco Inter deve lançar em breve um novo método de pagamentos com cartão sem a necessidade de qualquer dispositivo físico adicional, como acontece com as famosas “maquininhas de cartão” (PoS), e que aceita criptomoedas.
Segundo um vídeo publicado originalmente no Instagram pelo CEO do banco, João Vitor Menin, o Banco Inter desenvolveu um sistema de pagamentos mobile via NFC que funciona como um app direto no celular.
De acordo com o vídeo, o sistema funcionará como as máquinas de cartão convencionais, mas por meio de um aplicativo, o que possibilita que tudo seja feito pelo celular. Basta digitar o valor a ser pago pelo cliente, que aproxima o cartão do aparelho e realiza o pagamento.
Por: Cassio Gusson
Fonte: Cointelegraph