Resultado do Banco Inter evidencia desafios das fintechs e Morgan reitera venda para ação

O Banco Inter (BIDI11) divulgou seus dados financeiros referentes ao quarto trimestre de 2019 e ao ano no final da última semana. Logo na sessão após o resultado, do dia 13 de fevereiro, as units do banco digital caíram 3,89% na B3.

O lucro líquido foi de R$ 25 milhões, um aumento de 112% em relação ao trimestre anterior e uma redução de 7% em relação ao ano anterior. O prejuízo operacional, excluindo negociação, foi de R$ 21 milhões, comparado a ganhos de R$ 2 milhões no terceiro trimestre de 2019 e R$ 21 milhões no quarto trimestre do ano anterior.

Conforme aponta em relatório o Morgan Stanley, o número foi muito pior do que a estimativa de R$ 13 milhões. “De fato, as operações bancárias de varejo da empresa não estão mais gerando lucros. O ROE [Retorno sobre o Patrimônio Líquido] foi de apenas 5%, abaixo dos 10% do ano passado”, avaliam em relatório os analistas Jorge Kuri, Jorge Echevarria e Eugenia Sanchez.

Os analistas do banco apontam que, excluindo o aumento ímpar e inesperado das negociações, os resultados operacionais sofreram uma grande queda.

“A companhia, novamente, e como tem sido o caso desde seu IPO, frustrou as expectativas do mercado por uma ampla margem”, destaca o Morgan.

Os analistas do banco americano possuem recomendação underweight – exposição abaixo da média do mercado – para as ações BIDI4, com preço-alvo de R$ 2,80, o que corresponde a um downside de 82,5% em relação ao fechamento de sexta-feira (14).

“A nossa tese de investimento se baseia nos desafios de execução que a empresa pode enfrentar ao tentar expandir os seus negócios”, apontam os analistas do Morgan.

O último trimestre evidenciou as preocupações, avaliam os analistas, uma vez que as receitas financeiras foram muito mais fracas do que o esperado, assim como as provisões para perdas com empréstimos e as despesas, que foram piores do que as estimativas.

As receitas por usuário ativo continuam diminuindo rapidamente (queda de 10% na base trimestral e 49% na base anual) e, assim, o centro das preocupações do Morgan com o banco, assim como com outras fintechs, está no modelo de negócios de oferecer contas correntes gratuitamente para atrair clientes e esperar vender produtos bancários sem possuir experiência ou histórico.

“É improvável que essas empresas gerem monetização significativa de clientes. Enquanto isso, em termos de valuation, os múltiplos da ação preferencial (BIDI4), de 115 vezes a relação entre preço e lucro esperado para 2020 e 5,3 vezes o preço sobre o book value (valor patrimonial) parece excessiva para um banco em que a monetização do cliente é mínima e o ROE é de apenas 5%”.

Por outro lado, um dado destacado como positivo por analistas de mercado foi o fato do Inter ter batido a marca de 4,1 milhões de correntistas no fim de 2019, apresentando uma elevação de 180% em relação a 2018. Quando o assunto são os clientes ativos, o total foi de 2,3 milhões, alta de 169%. Na Plataforma Aberta Inter (PAI), de investimentos, o número de clientes ativos chegou a 425 mil, crescimento anual de 269%.

Conforme destaca o BTG Pactual, que reitera recomendação de compra para os ativos, embora ainda longe de atingir bons níveis de monetização, o quarto trimestre trouxe sinais de um potencial ponto de inflexão no custo de captação de novos clientes e quanto eles usam o produto do banco, aliviando algumas preocupações. Para o BTG, o momentum permanecerá positivo para o Banco Inter, principalmente em adições de contas e engajamento de clientes, mantendo assim a recomendação de compra para os ativos.

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