Tem sido cada vez mais comum ouvir falar de 5G, uma forma de conexão que pode transformar a internet. No entanto, esta nova tecnologia não apenas tornará a conexão mais rápida e mais barata, ela tem o poder de reescrever a forma como interagimos socialmente, possibilitando o desenvolvimento da IoT (Internet das Coisas).
A grosso modo, a Internet das Coisas pretende criar uma rede em que todos os aparelhos possam trocar informações. No entanto, para que isso possa tornar-se realidade, é preciso que exista um reforçado alicerce, ou seja, uma internet que suporte essa grande quantidade de dados. É ai que vem o 5G.
5G e você
Como mostra Eduardo Polidoro, Diretor de Negócios de IoT da Embratel, o 5G trará a possibilidade de novas aplicações que precisam de baixíssima latência, como carros autônomos. Por sua vez, a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) destacaque “as redes em 5G estão sendo projetadas para possuírem baixa latência e capacidade para suportarem grande número de conexões simultâneas, com baixo consumo de energia. Por essa razão, têm condições mais propícias para a expansão do uso de dispositivos IoT”.
A tecnologia 5G é muito mais do que o futuro das telecomunicações globais, oferecendo mais largura de banda do que se imaginava (pense em baixar filmes inteiros em poucos segundos) e suficiente para tornar a Internet das Coisas uma realidade diária e, com isso, reescrever totalmente a forma como nos relacionamos com aparelhos, dispositivos e com o próprio ser humano. Um vídeo conceito do novo carro da Volkswagem, o ID, ilustra um pouco isso.
E qual é a guerra?
O lançamento do 5G também exige bilhões de dólares para instalar as redes de fibra ótica necessárias para esses sistemas de alta capacidade e bilhões para operá-los. As empresas e países que projetam e investem nessa nova infraestrutura terão uma boa quantidade de informações não apenas sobre como o 5G transmite informações, mas também sobre como os outros acessam o sistema.
Ou seja, você é o “dono” da rede pela qual os dado de milhões de usuários conectados a bilhões de dispositivos transmitem informações, logo… Bom, o Facebook já pode dar uma pequena amostra do que isso significa. É ai que começa a guerra, que coloca de um lado os EUA e de outro a China, sendo que os norte-americanos estão em uma desvantagem assombrosa.
Liderada pela gigante chinesa (talvez pouco conhecida no Brasil) Huawei, a China está muito mais avançada em disponibilizar a infra estrutura para o 5G do que qualquer empresa norte-americana. No Brasil, por exemplo, os primeiros testes de 5G foram feitos com os chineses e tem sido assim na Europa, África e Ásia.
Ao contrário dos norte-americanos, os chineses estão se oferecendo para construir e instalar essas redes a preços baixos, com trabalhadores e engenheiros ansiosos em ajudar os países a “melhorarem sua conexão e estarem prontos para o futuro”. Isso permite que licitantes em leilões do governo de largura de banda para 5Gs façam overbid, sabendo que os fornecedores chineses construirão as redes a preços baixos (no Brasil, o leilão do 5G vai acontecer em 2020).
Além disso a gigante chinesa já tem inúmeros aparelhos prontos para o 5G, desde roteadores até celulares.
Ganhar no grito
Do outro lado, para tentar impedir os avanços chineses, a principal tática dos norte-americanos comandados pelo presidente Donald Trump tem sido o grito, ou seja, por meio de uma retórica “acalorada”, o presidente tem dito que impedirá a entrada da Huawei nos EUA e tem pedido, as vezes mais incisivamente, que as nações pelo mundo sigam o mesmo caminho (até o momento sem muito sucesso).
Em ambos países, o 5G é uma questão de extraordinária preocupação nacional e pode representar uma mudança geral no “poder” do mundo. Na China, a estratégia faz parte do “Made in China 2025”, uma espécie de plano descrito pelo vice-presidente norte-americano Mike Pence que pretende tornar os chineses a principal potência em 90% das indústrias mais avançadas do mundo, incluindo robótica , biotecnologia e inteligência artificial, tendo 5G como parte deste plano e que faria a China emergir como a superpotência dominante neste século.
No caso dos EUA, a “briga por patentes” permitiu à Huawei “nadar de braçadas”. Durante anos, a principal fornecedora norte-americana de chips de comunicações móveis avançadas foi a Qualcomm, sediada em San Diego. A empresa tem sido inovadora em tecnologia móvel, mas também tem sido uma inovadora notável em estratégias legais complicadas. Como alega uma ação judicial da Comissão Federal de Comércio, a Qualcomm usou sua posição dominante como fornecedora de chips e suas extensas propriedades de patentes para tecer uma teia de licenciamento de patentes em toda a indústria de telefonia móvel. O efeito desse complexo esquema de licenciamento, afirma a FTC, tem sido forçar os fabricantes de chips concorrentes a saírem do mercado e extraírem concessões e altos royalties de patentes dos fabricantes de smartphones e dispositivos móveis.
Como mostra o The National Interest:
“Certamente, as próprias patentes, como recompensa por novas invenções, são um motor de inovação em áreas como a 5G. O problema, no entanto, não é a existência de um sistema de patentes, mas o poder cada vez maior das leis de patentes, que incentivam as empresas a investirem em esquemas complexos de licenciamento e assertiva de patentes – como empresas como a Qualcomm – em vez de executar trabalho duro de construção de novas tecnologias. Quando a inovação na estratégia de patentes é mais lucrativa do que a inovação real, perdemos a corrida para as tecnologias 5G e outras.”
E o Bitcoin com isso?
Antes de falar do Bitcoin, é preciso destacar que o dono da Huawei é Ren Zhengfei, que embora nunca tenha sido “aceito” no Partido Comunista Chinês e nunca tenha sido admitido como “membro” do exército chinês (por conta do passado de seus pais), foi durante muito tempo tecnólogo militar na unidade de pesquisa de Tecnologia da Informação do Exército Popular da Libertação.
O 5G é fundamental para o desenvolvimento do Bitcoin e das criptomoedas pois ele literalmente cria a possibilidade da economia da máquinas que, além de uma rede segura para transacionar os dados ela vai necessitar que contratos auto-executáveis sejam implementados com a finalidade de permitir, por exemplo, que um dado, ao ser comprado por outro aparelho, seja pago assim quer for entregue (um exemplo bem simples). Além disso, as criptomoedas tem um potencial enorme de se estabelecerem como unidade de pagamento nestas novas redes interconectadas.
Tanto é assim que criptomoedas como a Iota foram desenvolvidas especialmente pensando nas redes IoT, por isso a Tangle utiliza um pequeno Proof-of-Work para poder ser executado em qualquer tipo de dispositivo, mesmo que seu poder de processamento de computação seja pequeno. Até mesmo soluções como a Lightning Network podem permitir que o Bitcoin aproveite esta ampla conectividade.
Por: Cassio Gusson
Fonte: Criptomoedas Fácil