O ritmo ainda é lento, mas um número crescente de bolsas de valores tradicionais começaram a oferecer produtos relacionados a criptoativos por todo o mundo. Mas será que o envolvimento das bolsas de valores pode impulsionar este mercado?
Revolucionando o mercado
Em 03 de abril, a Bolsa de Valores da Jamaica (JSE) anunciou um projeto piloto para negociar Bitcoin (BTC) e Ether (ETH) nas próximas semanas. A JSE é apenas a mais recente de uma série de bolsas que visam abrir as portas para o investimento em criptoativos.
Nos EUA, a Nasdaq listou recentemente índices de BTC e ETH, enquanto a principal bolsa de valores da Suíça, a SIX, listou um produto negociado em bolsa (ETF) baseado em XRP.
De acordo com Marlene Street Forrest, diretora administrativa da JSE, o projeto da bolsa, implementado em parceria com a empresa canadense de tecnologia financeira Blockstation, visa criar uma “estrutura regulatória segura, eficiente e transparente” para o comércio de criptoativos.
Também está claro que o potencial de lucro pode ter desempenhado um papel.
“[NEGOCIAÇÕES BTC E ETH] É UMA OPORTUNIDADE SEM PRECEDENTES PARA A JSE DIVERSIFICAR SUAS OFERTAS DE PRODUTOS E ATRAIR NOVAS LISTAGENS E INVESTIMENTOS”, DISSE FORREST.
Mati Greenspan, analista sênior de mercado da e-Toro, plataforma global de investimentos em ativos, disse ao site Bitcoin.com que a integração de criptoativos pelas bolsas de valores tradicionais é motivada principalmente pelo medo de ficar de fora (o popular Fear Of Missing Out, ou FOMO).
“AS INSTITUIÇÕES PERCEBERAM QUE OS CRIPTOATIVOS VIERAM PARA FICAR E ESTÃO PROCURANDO MANEIRAS DE APROVEITAR AS OPORTUNIDADES APRESENTADAS POR ELES”, OPINOU GREENSPAN. “AS NOTÍCIAS DA BOLSA DE VALORES DA JAMAICA SÃO MAIS UM SINAL DE QUE A ADOÇÃO ACONTECE GRADUALMENTE DIANTE DE NOSSOS OLHOS, ATÉ QUE VOCÊ PARE UM POUCO, OLHE AO REDOR E PERCEBA QUE OS CRIPTOATIVOS ESTÃO NA FRENTE E NO CENTRO DO CENÁRIO DE INVESTIMENTOS”, ACRESCENTOU.
Situação de ganho para todos
Ao contrário dos bancos, que são especialistas em fazer lobby contra criptoativos, as bolsas de valores tradicionais não se preocupam com as startups que estão entrando em seu território. Pelo contrário, muitas delas parecem têm percebido que essa é uma situação de ganho mútuo.
Por exemplo, a Nasdaq, segunda maior bolsa de valores do mundo, começou a oferecer informações em tempo real sobre dois novos índices ligados ao mercado de criptoativos – BTC e ETH – em 25 de fevereiro.
O movimento da Nasdaq foi visto como fundamental para abrir os criptoativos aos investidores convencionais do mercado de ações em Wall Street e em outros lugares, ao mesmo tempo em que impulsiona sua adoção pelo mercado mainstream. A bolsa de valores começou com a publicação de relatórios analíticos sobre o BTC, passando para uma parceria com a VanEck para lançar contratos futuros do criptoativo.
Enquanto a maioria dos investidores ainda prefira investir em ações do que em criptoativos, a chegada das bolsas de valores – com seus muitos anos de experiência – a estes mercados pode mudar esse quadro no futuro, diz Marvin H. Coleby. Coleby é advogado especializado em valores mobiliários e CEO da Raise, plataforma de títulos digitais com sede nas Bahamas.
“AS PESSOAS CONFIAM NELAS [BOLSAS DE VALORES], AS INSTITUIÇÕES CONFIAM NELAS E OS GOVERNOS DESENVOLVERAM MARCOS REGULATÓRIOS SEGUROS PARA ELAS OPERAREM”, DISSE COLEBY.
“Elas (bolsas de valores) são de longe um dos exemplos mais importantes de esforços humanos para distribuir a riqueza econômica através de instrumentos financeiros fracionários para qualquer pessoa em todo o mundo. Sua compra de ativos baseados em contabilidade não é apenas um enorme selo de aprovação para os criptoativos e outros ativos digitais semelhantes, mas significa que esses mercados de ações facilitarão o acesso das pessoas a criptoativos em todo o mundo.”
“CRIPTOMOEDAS E TOKENS DE SEGURANÇA SÃO ATIVOS DIGITAIS QUE ESTENDERÃO SIGNIFICATIVAMENTE O IMPACTO DE PRODUTOS FINANCEIROS FRACIONÁRIOS QUE EXISTEM DENTRO E FORA DAS BOLSAS DO MERCADO DE AÇÕES”, FINALIZOU COLEBY.
Legitimando criptoativos
Coleby admite a proliferação de oportunistas dentro do mercado de criptoativos, mas descarta a classificação dos mercados de ações entre eles.
“AS BOLSAS E OS MERCADOS DE AÇÕES SÃO ALGUMAS DAS INSTITUIÇÕES MAIS BEM POSICIONADAS PARA ENTENDER PRODUTOS FINANCEIROS FRACIONÁRIOS E DIVISÍVEIS, QUE SÃO AS CARACTERÍSTICAS DE MUITAS CRIPTOMOEDAS. ISSO PARECE UMA TENTATIVA GENUÍNA DE ENTRAR E LEGITIMAR ESSE MERCADO.”
O Caribe é talvez uma das regiões mais inovadoras no que diz respeito aos criptoativos, com regulamentações favoráveis ao seu desenvolvimento. A Bolsa de Valores da Jamaica tornou-se uma das primeiras bolsas a anunciar qualquer interação com esses ativos, muito antes de 2019.
Além disso, diversos países da região trabalham para desenvolver novas estruturas e tecnologias regulatórias. Além da Jamaica, podemos destacar Bahamas, Bermudas e Barbados.
“ESPERO QUE OS MERCADOS DE AÇÕES SIGAM O EXEMPLO DA JSE E LEVEM MAIS A SÉRIO COMO O MUNDO ESTARÁ SE AFASTANDO DAS BOLSAS CENTRALIZADAS E O IMPACTO QUE OS CONTRATOS INTELIGENTES TERÃO NAS FUNÇÕES TRADICIONAIS DE CUSTÓDIA E LIQUIDAÇÃO ATENDIDAS PELAS BOLSAS CENTRALIZADAS”, ADVERTIU COLEBY.
Por: Luciano Rocha
Fonte: Criptmoedas Fácil