Após dois dias de bolsa fechada por conta do Carnaval, a sessão desta quarta-feira (26), que terá início apenas às 13h (horário de Brasília), deve ser de forte queda para a B3. Enquanto o Brasil estava no feriado, as bolsas lá fora registraram forte queda, com a situação do coronavírus se agravando ao espalhar pela Europa e os EUA demonstrando cada vez mais preocupação com o impacto das doenças no mercado.
As principais ações de empresas brasileiras, apesar de não sentirem o impacto por aqui, viram os efeitos do aumento das preocupações com o coronavírus serem sentidos no exterior. O Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, que compila o desempenho dos 20 ADRs brasileiros mais líquidos no mercado americano, teve queda de 4,81% na segunda-feira e baixa de 1,99% na terça, acumulando baixa de 6,71% em apenas duas sessões.
Já o principal fundo de índice brasileiro (ETF), iShares MSCI Brazil (EWZ), teve baixa de 1,41% na véspera, acumulando perdas de 6,33% nas últimas duas sessões.
Os recibos de ações da Petrobras (PETR3;PETR4) negociados na NYSE registraram queda de 9,08% para os papéis equivalentes aos preferenciais e de 8,62% para os ativos ordinários. Os papéis da Vale (VALE3), por sua vez, tiveram a sua maior variação entre as maiores baixas de ADRs de grandes empresas brasileiras na NYSE, de 9,72%. Siderúrgicas como Gerdau (GGBR4) também tiveram queda de 8%.
Bancos como Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander Brasil (SANB11) também tiveram forte baixa , com quedas respectivas de 7,48%, 5,15% e 7,21% nos dois dias em que a B3 esteve fechada.
Confira o desempenho dos ADRs nestes dois dias e seus respectivos pesos no índice Dow Jones Brazil Titans 20 ADR:
Empresa | Variação na semana | Peso no índice |
Itaú Unibanco | -7,48% | 10,56% |
Vale | -9,72% | 10,11% |
Bradesco | -5,15% | 8,58% |
Petrobras PBRA (preferencial) | -9,08% | 8,33% |
Telefônica Brasil | -4,35% | 5,53% |
Sabesp | -5,86% | 5,40% |
Petrobras PBR (ordinária) | -8,62% | 5,31% |
Ambev | -1,63% | 4,92% |
Gerdau | -8,45% | 4,78% |
BRF | -5,06% | 4,58% |
Ultrapar | -7,63% | 3,83% |
Santander Brasil | -7,21% | 3,65% |
Cemig | -5,74% | 3,48% |
Azul | -7,48% | 3,34% |
TIM Participações | -4,04% | 3,34% |
Embraer | -5,39% | 3,31% |
Pão de Açúcar | -5,16% | 3,06% |
Eletrobras | -4,92% | 3,00% |
CSN | -8,50% | 1,94% |
Copel | -5,71% | 1,89% |
Gol | -9,61% | 1,06% |
O Covid-19 se espalha pela Europa, com Suíça, Croácia e Áustria registrando os primeiros casos. Na Itália, o número de mortes subiu para 11 e o número de casos está em 322.
Foi confirmado também o primeiro caso na Catalunha, levando o total na Espanha para cinco. No Irã, foram relatadas 95 infecções e 15 mortes; o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou durante coletiva de imprensa que o governo americano está “profundamente preocupado” com a possibilidade de o Irã ter suprimido informações vitais sobre os casos de coronavírus no país.
Na véspera, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos alertou que o vírus atingirá o país em breve e, desta forma, após um início de sessão em que as bolsas por lá apontavam para a recuperação, o temor voltou ao radar dos mercados. O Dow Jones fechou em queda de 3,15%, o S&P500 em baixa de 3,03% e o Nasdaq em queda de 2,77%. O VIX, índice que mede a expectativa de volatilidade do mercado de ações dos Estados Unidos, subiu 11,3%.
O Ministério da Saúde confirmou durante coletiva nesta quarta o primeiro caso de uma pessoa infectada com o coronavírus no Brasil – e o primeiro na América Latina. Após um teste dar positivo na noite de ontem, um exame de contraprova feito pelo instituto Adolfo Lutz confirmou o caso. De acordo com o Ministério, trata-se de um homem de 61 anos, residente em São Paulo, que “traz o histórico de viagem para a Itália, na região da Lombardia (norte do país), a trabalho, sozinho, no período de 9 a 21 de fevereiro”. A Itália é o país europeu mais afetado pela doença.
Já o Brasil teve nesta terça-feira um primeiro teste positivo de coronavírus. Trata-se, segundo o Ministério da Saúde, de um homem de 61 anos, residente em São Paulo, com histórico de viagem para a Itália, na região da Lombardia (norte do país), a trabalho, sozinho, no período de 9 a 21 de fevereiro. De acordo com informações do jornal O Globo e do Estadão, a contraprova foi realizada nesta quarta-feira e o diagnóstico foi positivo para a doença.
Em meio a tantas incertezas, os investidores tentam gerenciar riscos e descobrir quanto da queda das ações e rali do títulos é razoável, dada a escalada de casos do vírus, conforme destaca a Bloomberg. A perspectiva negativa do coronavírus para o crescimento da economia global já levou o rendimento dos títulos de longo prazo do Tesouro dos EUA para uma mínima histórica, o franco suíço à cotação mais alta desde 2015 em relação ao euro e o preço do ouro para o maior nível em sete anos.
As estimativas para o impacto econômico do vírus variam muito. A Oxford Economics calcula que uma crise internacional da saúde pode ser suficiente para eliminar mais de US$ 1 trilhão do PIB global, enquanto o Fundo Monetário Internacional acredita que o vírus diminuirá em apenas 0,1% sua previsão de crescimento global de 3,3% para 2020.