O período para a declaração do Imposto de Renda 2020 se alonga entre 2 de março e 30 de abril. Para especialistas, independentemente do perfil do contribuinte, é vantajoso declarar o quanto antes.
“A principal vantagem de quem declara nos primeiros dias é receber a restituição nos primeiros lotes”, argumenta Samir Choaib, sócio do Choaib, Paiva e Justo Advogados Associados. Esse dinheiro pode servir para quitar dívidas, por exemplo, ou investir.
Para quem tem dívidas e gastos urgentes, a recomendação sempre foi tentar receber a restituição o quanto antes, de forma a suavizar os juros. Segue sendo assim. O que mudou foi a indicação ao contribuinte que não tem necessidade de liquidez.
Até 2017, último ano em que a taxa básica de juros chegou a dois dígitos, argumentava-se que fazia sentido esperar para receber no final do período de restituição, com correção pela Selic e sem incidência de tributos. Neste cenário, o dinheiro parado nos cofres da Receita rendia mais que boa parte das aplicações conservadoras, justamente por ser isento, lembra Choaib.
Com a Selic em 4,25% ao ano, a restituição rende melhor se pingar no bolso mais cedo, já que há investimentos de baixo risco com rendimento superior à taxa básica, inclusive na renda fixa. O Tesouro Prefixado com vencimento em 2026, por exemplo, pagava 6,08% ao ano na terça-feira (4).
Mesmo para quem não terá direito a restituição, declarar mais cedo permite maior tempo para estar ciente de documentos faltantes e, eventualmente, retificar informações enviadas erroneamente.
Vale lembrar que a multa pelo atraso da declaração é de 1% ao mês até o limite do imposto devido, com valor mínimo de R$ 165,75.
“Na prática, a grande dificuldade, especialmente para quem usa mais documentos, é estar com todas as informações necessárias em mãos: a maioria das pessoas não tem”, lembra Choaib.
Mudança
Neste ano, a restituição começa mais cedo, em 29 de maio, e tem apenas cinco lotes, sendo o último em setembro. Isso muda uma recomendação antiga de parte dos especialistas para contribuintes desorganizados: até o ano passado, podia fazer sentido esperar para receber o dinheiro em dezembro para ter caixa garantido para as despesas sazonais do início do ano seguinte.