Após dias de caos nas bolsas globais, com o Ibovespa no Brasil acionando quatro vezes o mecanismo de circuit breaker, o mercado teve um dia de alívio na sexta-feira (13), mas o clima ainda segue de tensão entre os investidores nos próximos dias.
As bolsas desabaram na quarta e quinta-feira após a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar o surto do novo coronavírus uma pandemia. Agora a cada dia, as novas notícias sobre o aumento de casos da Covid-19 serão monitoradas e deverão guiar o humor dos mercados.
Para piorar, na última segunda-feira, a decisão da Arábia Saudita de vender petróleo com desconto ajudou a aumentar o pânico geral, o que deixa analistas também de olho a possíveis novos eventos inesperados como esse.
Investidores ficarão atentos ainda à possíveis medidas econômicas que poderão ser anunciadas pelos governos. O presidente Donald Trump declarou na sexta estado de emergência nacional nos Estados Unidos. A decisão libera até US$ 50 bilhões em recursos financeiros para ajudar os americanos afetados pelo surto.
Trump disse ainda que pediu a hospitais que ativem seus planos de emergência. Além disso, o presidente afirmou que fechou uma parceria com o setor privado para acelerar a capacidade dos EUA de fazerem testes de diagnósticos de coronavírus.
Além disso, o G7 (grupo que reúne as maiores economias do mundo) fará uma reunião extraordinária na segunda-feira (16) para discutir uma resposta à pandemia do coronavírus. O anúncio foi feito pelo presidente da França, Emmanuel Macron, pelo Twitter.
“Depois da minha ligação com Donald Trump e todos os líderes do G7, concordamos em organizar uma videoconferência extraordinária na segunda-feira sobre a covid-19. Vamos coordenar os esforços de pesquisa para uma vacina e tratamento e trabalhar numa resposta financeira e econômica”, disse ele.
Por aqui, a expectativa é por medidas prometidas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para o fim de semana. Ele não descartou a possibilidade de novas liberações de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Na sexta, Guedes também cobrou a aprovação de projetos do governo pelo Congresso e defendeu a liberação de outros R$ 5 bilhões em emendas parlamentares para uso pelo Ministério da Saúde no combate às demandas no setor geradas pela epidemia.
Super quarta
Enquanto os reflexos do coronavírus ficam nos holofotes, a semana contará com a chamada “Super Quarta”, em que serão anunciadas decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.
Analistas esperam que o Federal Reserve, como é conhecido o Banco Central americano, volte a cortar os juros no país em meio a um cenário de maiores esforços para estimular a economia por conta dos efeitos do vírus.
No último dia 3, o Fed já realizou um corte surpresa de 0,50 ponto percentual e seus dirigentes têm discursado reforçando que a autoridade monetária está atenta e deve seguir tomando medidas econômicas.
Segundo analistas do Bradesco BBI, “o Fed provavelmente continuará cortando juros e, se necessário, poderá também lançar mão de outros instrumentos para reduzir impactos do choque do coronavírus nos EUA”.
Por aqui, atenção especial ao Comitê de Política Monetária (Copom), em que analistas projetam um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros.
Dados recentes poderiam mudar as projeções, como o IPCA de fevereiro, que surpreendeu para cima, mas especialistas destacaram que foi por um fator específico (setor de higiene pessoal) e não algo estrutural, o que mantém a visão de que o Banco Central deve reduzir a Selic.