No início de novembro, os EUA pressionaram com sucesso a rede de transações bancárias Swift a cortar o Irã do sistema financeiro global. Agora, isso está fazendo com que cidadãos iranianos que estudam em universidades no exterior recorram aos criptoativos para poderem financiar suas mensalidades.
Maziar Bahari, editor do Iranwire, portal de notícias para jornalistas iranianos baseados fora do país, explicou a situação à mídia britânica. “Eles (os estudantes) estão usando o Bitcoin e outras criptomoedas para conseguir dinheiro”, disse Bahari ao jornal britânico The Guardian. Ele afirma que soube que muitos estudantes, especificamente da Universidade de Cambridge, estão tendo problemas para ter acesso a serviços bancários no Reino Unido.
O jornal britânico também relata que os estudantes são aconselhados por algumas instituições do Reino Unido, como a Universidade de Reading, a voar de volta para o Irã e trazer quantias em dinheiro vivo para pagar suas aulas. Tal solução, obviamente, pode trazer uma série de problemas legais para os estudantes, pois eles tentarão cruzar fronteiras internacionais com grandes somas de dinheiro, mas o sistema de pagamento de mensalidades parece não lhes dar outra opção.
O estudante de Direito Parsa Sadat disse que recebeu pelo menos seis advertências dizendo que ele poderia ser suspenso caso não pagasse sua matrícula. O aluno está em seu último ano e já pagou 30.600 libras esterlinas para cobrir seus dois primeiros anos.
“EU NÃO ESTOU EM UMA POSIÇÃO ÚNICA. OS PAIS DE OUTROS ALUNOS VÊM DO IRÃ PARA CÁ E TRAZENDO EM DINHEIRO. ELES ESTÃO ATINGINDO PESSOAS COMUNS. É BASICAMENTE UM BLOQUEIO ECONÔMICO”, DISSE SADAT.
A professora de Sadat, Mai Sato, professora associada em criminologia, disse:
“Mesmo que os fundos para o vôo e as taxas possam ser elevados, exigiria que a Parsa transportasse grandes quantias de dinheiro dentro e de um país classificado pelo Ministério das Relações Exteriores como de alto risco. Isso expõe a universidade a críticas justificáveis. O próprio Parsa acha que carregar milhares de libras em dinheiro é perigoso.”
Irã e criptoativos
Além de cidadãos iranianos, como estudantes que estudam no exterior, o governo do país também pode estar usando criptomoedas para evitar sanções econômicas. No entanto, esse uso tem movimentado quantidades mínimas. A Financial Crimes Enforcemente Network (Fincen) afirma que “desde 2013, o uso de criptomoedas pelo Irã inclui pelo menos US$3,8 milhões em transações via Bitcoin por ano”.
O país pode em breve seguir um caminho semelhante ao da Venezuela e lançar uma moeda digital nacional para tentar evitar as sanções em maior escala. Se ou quando isso ocorrer, o governo do Irã pode contar com o apoio de especialistas da Rússia. Enquanto isso, as exchanges internacionais já deixaram de atender clientes iranianos para evitar o risco de violar as sanções impostas pelos EUA.
Por: Luciano Rocha
Fonte: Criptomoedas Fácil