O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira (28) impulsionado pela recuperação das bolsas internacionais após o dia de pânico que foi o último pregão. A Bolsa despencou 3,3% ontem com o aumento nos casos do coronavírus e a revisão da Organização Mundial de Saúde (OMS), que considerou a doença como um risco global elevado.
Lá fora, a melhora externa veio das apostas de que os esforços globais para conter a disseminação do vírus evitarão perdas maiores na economia mundial. Os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram entre 0,7% e 1,5% nos EUA.
Hoje, o Ibovespa subiu 1,74% a 116.479 pontos com volume financeiro negociado de R$ 20,124 bilhões. Foi a maior alta do índice desde o dia 2 de janeiro, quando o benchmark disparou 2,53%.
Enquanto isso, o dólar futuro com vencimento em fevereiro tinha baixa de 0,34% a R$ 4,196. Já o dólar comercial recuou 0,37% a R$ 4,1937 na compra e a R$ 4,1944 na venda.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu um ponto-base a 4,93%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de três pontos a 5,47% e o DI para janeiro de 2025 recuou 10 pontos-base a 6,17%.
Hoje, o governo da China tomou como medidas para evitar a proliferação do vírus além do fechamento da província de Hubei o prolongamento do feriado do ano-novo lunar, que irá até o próximo domingo. As empresas chinesas estão proibidas de voltarem ao trabalho até o dia 10 de fevereiro por determinação de Pequim. As bolsas, por outro lado, voltam a negociar no dia 3.
No mais recente desdobramento desde a eclosão da ameaça, a China decidiu restringir viagens a Hong Kong. Embora seja cedo para avaliar o impacto total do vírus na China, a avaliação dos investidores é de que, se o país não conseguir controlar a situação poderá ser comprometida a estabilização frágil da economia mundial depois que Pequim e Washington chegaram à primeira fase do acordo comercial.
Analistas estão divididos acerca da oportunidade de se investir em ações agora aproveitando as fortes quedas por conta do coronavírus. A equipe do JP Morgan fez um estudo mostrando que em grandes epidemias como a da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), em 2003, as ações caem 4,7%, em média, para depois se recuperarem.
Já o Danske Bank estima que o surto desacelere a economia chinesa em 0,8 ponto porcentual no primeiro semestre e a Capital Economics antecipa “impacto significativo” no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre da China.
Por aqui, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em evento promovido pelo Credit Suisse em São Paulo que o Brasil tem perspectiva de crescer mais que os vizinhos e que apesar do choque na carne ter sido mais rápido e intenso do que se esperava, deve se dissipar rapidamente também.
“O choque teve grande efeito na China, mas grande parte do impacto imediato já voltou. O preço ontem estava apenas 6% ou 7% acima do patamar anterior. A inflação está ancorada no curto, médio e longo prazo”, avaliou.
Campos Neto destacou ainda que é confortável dizer que a desaceleração global atingiu um platô e o mundo deve apresentar crescimento econômico moderado daqui para frente. O principal risco que ele assinalou no exterior são as eleições presidenciais dos Estados Unidos. Para ele, grande parte do crescimento global virá de países emergentes, especialmente os da Ásia. Por fim, Campos Neto ressaltou que a percepção dos estrangeiros é de que os fundamentos brasileiros estão bons.
Este deve ser o último pronunciamento do BC antes do início do período de silêncio pré-Copom, reunião que acontecerá entre 4 e 5 de fevereiro.
Nos Estados Unidos, hoje é dia de divulgação do resultado da Apple no quarto trimestre.