Bolsa não está barata, mas juro baixo dá tranquilidade para investir, defendem gestores

Com valorização desde 2016 e um avanço de 32% do Ibovespa apenas em 2019, investidores se questionam cada vez mais se as ações negociadas na Bolsa já estão caras. Na avaliação de gestores, ainda que o principal índice da B3 negocie a múltiplos acima dos níveis históricos, o cenário atual de juros baixos e inflação sob controle justificam o investimento e ainda dão margem para ganhos adicionais.

“Apesar de os preços estarem em outro patamar, o juro baixo nos dá tranquilidade para seguir investindo em renda variável”, afirmou Ary Zanetta, gestor da Brasil Capital, durante o painel de premiação dos melhores fundos da década do Ranking InfoMoney-Ibmec 2020, em São Paulo.

Luiz Parreiras, gestor da estratégia multimercado e previdência da Verde Asset, contou que a gestora chegou a reduzir a posição em ações no começo do ano por conta de preço, mas que voltou a comprar agora em fevereiro. Após recuar 1,6% em janeiro, o Ibovespa operava até o dia 19 de fevereiro com alta de 0,8%.

“Vimos no final do ano passado um excesso de euforia; cases que funcionaram muito bem para a gente em 2018 e 2019 estavam chegando a preços onde não necessariamente eu precisava vender, mas que também não queria incrementar o capital”, assinalou Parreiras.

Em sua última carta a cotistas, de janeiro, a Verde apontou que o principal fundo da casa mantinha pouco mais de 20% do portfólio alocado em ações no Brasil.

Na última década, o fundo CSHG Verde FIC FIM teve ganhos de 274,2% – o melhor desempenho entre multimercados no período. A gestora também foi premiada pelo retorno de 32,3% do fundo Verde AM Scena Advisory FIC FIM em 36 meses.

Segundo Zanetta, da Brasil Capital, que também foi premiado pelo desempenho do fundo Brasil Capital FIC FIA nos últimos três anos, os preços das ações negociadas em Bolsa estão hoje “mais convidativos” quando comparados a 2016.

A avaliação foi compartilhada por Alexandre Silverio, CIO da AZ Quest, que disse nunca ter vivido, em seus 25 anos de carreira, um momento em que a relação entre o múltiplo preço/lucro das companhias e a taxa de juros brasileira estivesse tão favorável.

“Esse juro baixo é transformacional para os negócios no Brasil, não só pra quem está investindo em ativos de risco, buscando fundos de ações e fundos imobiliários, mas para o empreendedor, que está tomando a decisão na economia real”, disse.

Ele destacou que empresas expostas à economia doméstica, como as de consumo, varejo e saúde, estão operando em níveis mais altos de preços, porém argumentou que o movimento de alta faz sentido, dadas as perspectivas de crescimento do lucro no longo prazo.

Silverio afirmou que as companhias, em especial as ligadas à atividade local, estão vivendo um ambiente de expansão de margens operacionais e geração de caixa, com uma rolagem de dívida a taxas de juros muito mais baixas, o que contribui para a redução das despesas financeiras. “Essa dupla alavancagem (operacional e financeira) vai fazer com que o lucro das companhias siga crescendo muito acima do PIB”, disse.

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